Nós somos Os Geraldos,

e nós somos artistas produtores amigos pedreiros que fazem teatro.

Cordel do Amor sem Fim - ou A Flor do Chico

Os Geraldos em Números

Espetáculos
9
Apresentações
373
Festivais
40
Prêmios
34
Países
3
Cidades
87
Espectadores
65000

O grupo Os Geraldos, que existe há 15 anos em Campinas, desenvolve três frentes de pesquisa e atuação na área artística (e em especial no teatro): 1) CRIAÇÃO, com a montagem e circulação de espetáculos; 2) FORMAÇÃO, com o oferecimento de cursos, oficinas e projetos de iniciação profissional; e 3) TERRITÓRIOS CULTURAIS, com a gestão de espaços que, para além das atividades de criação e produção do grupo, tornam-se locais de promoção de cultura, formação de público e articulação com artistas e sociedade. Por essa ampla atuação – aliada à constituição de espaços dedicados à arte e à cultura, para além de uma sede -, o grupo foi indicado, em 2017, ao Prêmio Governador do Estado de Territórios Culturais.

A Criação, como primordial e norteadora das outras duas, corresponde à montagem e circulação de seus espetáculos, com oito obras em repertório, sendo a mais recente “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”, dramaturgia de Claudia Barral e direção do mineiro Gabriel Villela, que dirige também o novo espetáculo do grupo, com previsão de estreia para setembro de 2022: “Ubu Roi”, texto de Alfred Jarry, com tradução de Bárbara e Gregório Duvivier.

No campo da Formação – em que convergem treinamentos e poéticas herdadas dos processos criativos, metodologias de gestão cultural e as pesquisas individuais dos integrantes -, há quatro projetos, que contemplam da iniciação teatral ao exercício da profissão: Curso Livre, Curso de Formação de Atores, “Transformações – do aprendizado ao ofício” e “Incubadora de Grupos Artísticos”.  

Por fim, na frente de Territórios Culturais, o grupo administra, desde 2017, o Teatro de Arte e Ofício, tendo revitalizado sua estrutura para a realização de atividades criativas que incluem: 1) Palco, com estrutura para ensaios e aulas; 2) o Ateliê de Visualidades do espetáculo, uma oficina artesanal ocasionalmente aberta ao público, onde são concebidos e realizados projetos de cenário, figurinos e demais elementos plásticos das montagens; 3) ações de difusão cultural, com a recepção de espetáculos de diferentes linguagens e a realização de eventos tradicionais do calendário do grupo, como a Jornada Teatral e a Mostra Geral do Teatro, voltadas ao compartilhamento de peças e oficinas de artistas e grupos de várias regiões paulistas; 4) programação pedagógica, com cursos, oficinas e programas de imersão no TAO tanto para o acompanhamento do trabalho artístico do grupo – nos ensaios e no Ateliê de Visualidades -, como para prática de gestão cultural; e, por fim, 5) a manutenção e continuidade do Teatro de Arte e Ofício, um espaço cultural independente de tradição no interior paulista, aberto há 37 anos. Em 2019, o grupo geriu o Ponto de Arte e Ofício, aprovado em primeiro lugar no edital municipal de Pontos de Cultura de Campinas.  

A fundação do grupo está ligada ao curso de Artes Cênicas da Unicamp – um dos cursos mais importantes para formação do ator no Brasil –, de modo que o grupo Os Geraldos surgiu marcado pelas tensões e frutos do encontro entre a erudição da pesquisa acadêmica e a simplicidade do teatro popular. O grupo mantém, desde sua fundação, um conjunto de linhas de pesquisa, realizando treinamentos artísticos, grupos de estudo internos, de música e dramaturgia, e pesquisas de mestrado e doutorado, que alguns de seus integrantes realizam ou já concluíram também na Unicamp. 

A montagem dos seus oito espetáculos levou ao estudo de variadas linguagens e técnicas. “Números” (2008, direção de Roberto Mallet) foi a primeira obra do repertório, de modo que o grupo foi fundado sobre o estudo da tradição circense, da ação cômica e da linguagem do palhaço. Com “Hay Amor!” (2009, direção coletiva), o segundo espetáculo, o grupo dedicou-se à criação dramatúrgica coletiva, à dança e à composição de personagens arquetípicos. “Números para Crianças” (2011, direção de Roberto Mallet) e “As Estrelas do Céu” (2017, direção de Ricardo Harada) levaram o grupo à investigação acerca do teatro infantil, buscando, no primeiro, os jogos infantis do palhaço e do circo e, no segundo, o as formas animadas e o estudo da técnica dos Kôkens, os manipuladores do teatro japonês. Com “O Drama e Outros Contos de Anton Tchekhov” (2015, direção de Arman Saribekyan), o grupo experimentou uma metodologia referenciada nos processos do Théâtre du Soleil, de que Saribekyan é integrante desde 2009, chegando a uma encenação intimista, com linguagem mais próxima ao realismo, para aperfeiçoar as sutilezas da interpretação. 

Por fim, nos últimos seis anos, o foco tornou-se o trabalho vocal e musical do grupo, montando, nesse período, as peças “O Último Sarau – uma peça de corpo presente” (2014, direção de Roberto Mallet), “Rasto Atrás” (2018, direção de Dagoberto Feliz), “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico” (2021, direção de Gabriel Villela) e, em processo de criação, “Ubu Roi” (2022, direção de Gabriel Villela): quatro obras com forte apelo musical, com músicas cantadas e tocadas ao vivo. Para tanto, desenvolveu estudo e prática sobre teoria musical, ritmo e canto com profissionais renomados das artes cênicas no Brasil e na Europa: Babaya Morais, Francesca Della Monica, Ernani Malleta, Felipe Lesage, Everton Gennari e Marcelo Onofri.

Esse percurso revela uma pesquisa contínua de técnicas do trabalho do ator que se conectam com uma tradição do teatro popular, no Brasil muito ligado a formas como o teatro de Revista, o circo teatro e o teatro amador. Os Geraldos, como nome indica, pesquisam linguagens que possam aproximar suas realizações desse objetivo: comunicar-se com um público Geral, ou com qualquer “Geraldo”, o que não significa uma simples generalização e pasteurização do público, mas um intento de se conectar com a raiz do teatro popular, um resgate à formação de público.

A difusão é, para o grupo, ao mesmo tempo um objetivo e um ponto de retorno para definição de suas linguagens. Com as apresentações de seus espetáculos, o grupo já recebeu 44 prêmios e participou de inúmeros festivais nacionais e internacionais, como FITUB, em Blumenau (SC); FENATA, em Ponta Grossa (PR); Festival Atos, em Campina Grande (PB), Mostra Capiba de Teatro, em Recife (PE), além dos internacionais, como o Festival Internacional de Acciones Escênicas, no Peru, Julio Cultural, em Tucumán (Argentina) e Festival International du Théâtre Universitaire d’Agadir, no Marrocos. A circulação do seu mais recente espetáculo: “Cordel do Amor sem Fim – ou A Flor do Chico”, com direção de Villela e dramaturgia de Claudia Barral, estreou, no final de 2021, com temporadas nos Sesis de Itapetininga e Ribeirão Preto, e segue para uma circulação nacional em 2022, com participações Festival de Teatro de Curitiba, Festival Tiradentes em Cena, Cena Contemporânea, em Brasília, além de apresentações previstas em Campinas, Ribeirão Preto, Passos, Ouro Preto, Belo Horizonte e Guaranhuns.

No campo da difusão cultural, Os Geraldos já passaram por mais de 80 cidades, de nove estados brasileiros, além das apresentações fora do país, na Argentina, Marrocos e Peru. O grupo realiza projetos de intensa circulação teatral, especialmente no interior paulista, onde circula amplamente pelas unidades do SESC e do SESI e já participou do Circuito Cultural Paulista (2010 e 2015) e do Circuito SESC de Artes (2013), além de projetos financiados via leis de incentivo e premiações de editais. Foi contemplado com  mais de 20 editais e 6 prêmios e realizou 9 projetos via leis de incentivo, com captação de pessoas físicas e jurídicas.

O trabalho de difusão cultural do grupo também se desenvolve enquanto “incubadora” para o desenvolvimento de ações em rede e formação de novos artistas, por meio da realização de projetos independentes, em sua sede, em Campinas (SP), como a Mostra Geral do Teatro, realizada ininterruptamente há sete anos (em 2020, devido à pandemia da Covid-19, foi realizada em formato on-line, obtendo abrangência nacional, com inscrições de grupos de todo o país), e a Jornada Teatral, com oito edições realizadas – em 2021, ainda em situação de pandemia, o evento aconteceu no formato virtual também obtendo abrangência nacional -, que envolve a difusão do objeto de pesquisa acadêmica de integrantes do grupo, além de apresentações – próprias e de artistas e grupos parceiros -, ensaios abertos, oficinas e masterclass com outros artistas, como com Gabriel Villela, Denise Weinberg, Luiz Carlos Vasconcelos, Renato Borghi e Miriam Mehler. Essa via de atuação, de busca pelo diálogo com artistas como referências, conecta-se com as temáticas e linguagem de seus primeiros espetáculos: o resgate e a valorização de uma tradição cultural. Ao promover encontros abertos com esses grandes artistas, valoriza-se sua trajetória, a formação do artista brasileiro e o contato, a referência como uma das vias de formação no teatro.

Quanto às suas ações formativas, o grupo as desenvolve tanto com produção independente, quanto via leis de incentivo e projetos estaduais. Desde 2012, já recebeu mais de 60 jovens artistas em seu Projeto “TransFormações – do aprendizado ao ofício”, que funciona com Programa de Estágio Orientado, oferecendo formação no campo da gestão cultural, conectando o aprender e o fazer, a atividade de estudante e a realização profissional. Desde 2015, realiza o Curso de Formação de Atores – suspenso devido à pandemia -, com uma carga horária mínima de 9 horas semanais e uma grade de disciplinas que contempla tanto o desenvolvimento de habilidades artísticas quanto de noções de gestão cultural.  Desde a sua primeira edição, formou cerca de 200 alunos de Campinas e região, encaminhando os formandos a ingressar em universidades e no mercado de trabalho e a profissionalizar sua atuação artística, com obtenção de DRT.

Em 2013, iniciou um projeto piloto junto ao Programa de Qualificação em Artes – Ademar Guerra, da Secretaria Estadual de Cultura, instituindo uma nova categoria de orientação artística – Grupo Orienta Grupo, por meio da qual, até 2019, o grupo orientou companhias das cidades de Botucatu, Bragança Paulista, Santos, Piracicaba e Campinas.

O projeto mais amplo de formação em Gestão Cultural que o grupo realiza é o “Incubadora de Grupos Artísticos”, cuja primeira edição, em 2017, foi realizada em Tatuí, com patrocínio do Instituto CCR e CCR SPVias. As edições seguintes aconteceram por meio de parcerias com as Fábricas de Cultura de São Paulo (2017), com o Programa de Qualificação em Artes / Projeto Ademar Guerra (2017 e 2018) e, via ProAC ICMS, com patrocínio da Tuberfil e da Magna, em Indaiatuba, Salto e Vinhedo (2019). Em 2021, aconteceu a primeira edição em formato on-line, a “Incubadora Virtual de Grupos Artísticos”, cuja programação – contando com exibição de espetáculo do grupo Galpão, masterclass dos diretores Gabriel Villela e Sérgio Ferrara e Encontros de Economia Criativa, com convidados expoentes da área como Deolinda Vilhena, Romulo Avelar, Andréa Alves, Gilma Oliveira, entre outros, além de oficinas de gestão cultural e mentorias com líderes de grupos – obteve alcance nacional, com a participação de 136 grupos e artistas, de 23 estados brasileiros. Desde a primeira edição, o projeto já atendeu 2115 pessoas e 83 grupos artísticos, de 102 cidades brasileiras.